terça-feira, janeiro 16

Gravidez na adolescência » “Ser mãe não é assim tão difícil…”


Raquel Teixeira é uma das muitas jovens que engravidou na adolescência por não ter utilizado nenhum tipo de contraceptivo na sua primeira relação sexual. Hoje, com 22 anos conta-nos como foi ser mãe aos 15.
Como foi a experiência de ser mãe na adolescência?Foi um acidente. Eu namorava há muito pouco tempo e nunca tínhamos tido relações sexuais. Eu achava que só teríamos relações sexuais quando nos casássemos, mas aconteceu. Não utilizámos nenhum tipo de meio contraceptivo. Na altura não pensei que fosse necessário. Sabia que poderia engravidar se não tomasse precauções e também sabia todas as precauções que poderia tomar mas como não tinha intenção de iniciar a minha vida sexual nunca falei com a minha mãe sobre tomar a pílula e, no momento exacto, não pensámos que pudesse acontecer.Quando se apercebeu que deveria estar grávida, como procedeu?Apercebi-me que a menstruação estava atrasada. Esperei cerca de um mês e comecei a ficar aflita. Acabei por falar com o meu namorado e ele sugeriu que eu fosse ao médico e fizesse um teste. Fui ao meu médico de família, que pediu umas análises, e foi confirmada a gravidez. Contei logo ao meu namorado e depois à minha mãe.Ela queria que eu fizesse um aborto, porque eu era muito nova e não tinha condições para ter um filho naquela altura. O meu namorado disse-me que a decisão seria minha e que ele aceitava qualquer que fosse a minha decisão. Eu pensei muito e decidi ter a minha filha, porque o bebé não tinha culpa. Não estou nada arrependida. A minha filha é a coisa mais linda que tenho.Como viveu a gravidez?Tive muito apoio do meu namorado e também da minha mãe. Não tive o apoio do meu pai no início mas depois também acabou por apoiar. Na altura, eu frequentava um colégio de freiras durante o dia e saía de lá para ir para a escola. Quando souberam da minha gravidez no colégio, aconselharam-me a sair porque não era conveniente permanecer ali. Passei a estar na escola o dia todo e era muito complicado porque não tinha dinheiro para lá comer. Acabei por desistir de estudar. Nunca contei a nenhum professor que estava grávida. Hoje sei que se tivesse falado com os meus professores, me teriam ajudado a concluir os estudos. Depois a Susana nasceu e foi muito complicado. Perdi a minha adolescência toda. Acabei por me juntar com o pai da Susana e a vida foi completamente diferente do que eu estava à espera. Saí da escola e tive que começar a trabalhar. Só voltei a estudar há três anos e ainda estou a acabar disciplinas do 9º ano. Posso dizer que só consigo conciliar o trabalho, a escola e a Susana graças à ajuda da minha mãe.Em algum momento sentiu que não seria capaz de educar a Susana?Senti muito e às vezes ainda sinto. Já passei momentos muito complicados e posso até dizer que a Susana não chegou a passar fome porque o leite era dado pela Santa Casa da Misericórdia, mas hoje em dia tudo está melhor.Gostaria de deixar um conselho para uma adolescente que, tal como a Raquel, tenha engravidado?Sobretudo para seguir a sua intuição e ter calma que ser mãe não é assim tão difícil como imaginamos. Apenas a responsabilidade vai aumentar. Acho que nunca devem deixar de lutar pelos seus sonhos pessoais. Devem continuar a estudar porque por mais difícil que seja conciliar, com um pouco de esforço e de vontade acho que tudo se consegue. Nunca desistam dos sonhos, porque mais cedo ou mais tarde, conseguimos realizá-los!

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