terça-feira, janeiro 16

Gravidez na Adolescência
A ocorrência da gravidez na adolescência vem aumentando muito.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, num ano, de cada 100 mulheres que têm bébés, 28 têm menos de 18 anos.
Isto tem sérias consequências físicas, psicológicas e sociais
E porque engravidam as adolescentes sem planear?
Hipóteses:

idade menor da menarca
início precoce da vida sexual
casamento mais tarde: espaço de tempo mais longo de vida sexual ativa em que o adolescente fica exposto à uma gravidez indesejada
aumento da liberdade dos jovens e a necessidade de afirmação própria do adolescente, de contraposição à família e de quebra de tabus

o pensamento mágico do adolescente de que "isso não vai acontecer comigo"
Muitas vezes, o adolescente mantém relações sexuais sem saber das possíveis conseqüências:
-falta de informação
-mesmo tendo conhecimento, não utilizam métodos contraceptivos
-não têm condições financeiras de adquiri-los
-a instabilidade própria da adolescência - pretexto para casar, em busca de um carinho que não recebe em casa - engravidar como única solução de vida
  • a pressão do namorado ou grupo de amigos
  • o grande estímulo dos media

Gravidez na adolescência, o que fazer?

A taxa de fecundidade na população diminui em todos os grupos etários, mas entre os adolescentes de 15 a 19 anos baixou menos, andando à volta de 13,5 casos de gravidez por cada mil adolescentes (nos Estados unidos da América o número é de 96 casos de gravidez por cada mil adolescentes).
Outro dado importante é a escassa utilização de métodos anticoncepcionais e a alta percentagem de abortos provocados neste grupo de idades. No nosso meio, aproximadamente 10% das mulheres em que são praticados abortos legais têm menos de 20 anos; nos Estados Unidos 40% das adolescentes grávidas recorrem ao aborto.
A gravidez em adolescentes não é um fenómeno novo. Talvez alguns factores sociais actuais permitam uma análise aproximada das suas causas: puberdade numa idade mais precoce, trivialização da sexualidade, erotismo constante nos meios de comunicação, adolescência demasiado longa, etc.
Não obstante, o problema básico pelo qual se verifica é a falta de previsão (sobretudo quanto ao uso de anticoncepcionais) e não só por inconsciência, mas fundamentalmente por desinformação e ignorância.
A adolescente grávida e posteriormente a adolescente e o adolescente pais e sua filha e filho são pessoas com alto risco, tanto médico como social.
Em Portugal, e segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística, havia em 1998, 95 mães com menos de 15 anos e 7308 com idades entre os 15 e os 19.
EXISTEM MUITOS MITOS SOBRE NÃO ENGRAVIDAR

Não se engravida...

Se tomar banho a seguir ao acto sexual?
Se for a primeira vez que se tem relações sexuais?
Durante a menstruação?
Se se tiver relações sexuais em pé?
Se se retirar o pénis entes da ejaculação?
Quando não se atinge o orgasmo?

NÃO! CUIDADO!
Em qualquer destas situações podes engravidar!


Sintomas da gravidez:
Seios doridos;
Muito sono e cansaço;
Ficar sem menstruação;
Ficar enjoada.

CUIDADO! Se sentires alguns destes sintomas deves dirigir-te ao Centro de saúde.

Gravidez na adolescência » “Ser mãe não é assim tão difícil…”


Raquel Teixeira é uma das muitas jovens que engravidou na adolescência por não ter utilizado nenhum tipo de contraceptivo na sua primeira relação sexual. Hoje, com 22 anos conta-nos como foi ser mãe aos 15.
Como foi a experiência de ser mãe na adolescência?Foi um acidente. Eu namorava há muito pouco tempo e nunca tínhamos tido relações sexuais. Eu achava que só teríamos relações sexuais quando nos casássemos, mas aconteceu. Não utilizámos nenhum tipo de meio contraceptivo. Na altura não pensei que fosse necessário. Sabia que poderia engravidar se não tomasse precauções e também sabia todas as precauções que poderia tomar mas como não tinha intenção de iniciar a minha vida sexual nunca falei com a minha mãe sobre tomar a pílula e, no momento exacto, não pensámos que pudesse acontecer.Quando se apercebeu que deveria estar grávida, como procedeu?Apercebi-me que a menstruação estava atrasada. Esperei cerca de um mês e comecei a ficar aflita. Acabei por falar com o meu namorado e ele sugeriu que eu fosse ao médico e fizesse um teste. Fui ao meu médico de família, que pediu umas análises, e foi confirmada a gravidez. Contei logo ao meu namorado e depois à minha mãe.Ela queria que eu fizesse um aborto, porque eu era muito nova e não tinha condições para ter um filho naquela altura. O meu namorado disse-me que a decisão seria minha e que ele aceitava qualquer que fosse a minha decisão. Eu pensei muito e decidi ter a minha filha, porque o bebé não tinha culpa. Não estou nada arrependida. A minha filha é a coisa mais linda que tenho.Como viveu a gravidez?Tive muito apoio do meu namorado e também da minha mãe. Não tive o apoio do meu pai no início mas depois também acabou por apoiar. Na altura, eu frequentava um colégio de freiras durante o dia e saía de lá para ir para a escola. Quando souberam da minha gravidez no colégio, aconselharam-me a sair porque não era conveniente permanecer ali. Passei a estar na escola o dia todo e era muito complicado porque não tinha dinheiro para lá comer. Acabei por desistir de estudar. Nunca contei a nenhum professor que estava grávida. Hoje sei que se tivesse falado com os meus professores, me teriam ajudado a concluir os estudos. Depois a Susana nasceu e foi muito complicado. Perdi a minha adolescência toda. Acabei por me juntar com o pai da Susana e a vida foi completamente diferente do que eu estava à espera. Saí da escola e tive que começar a trabalhar. Só voltei a estudar há três anos e ainda estou a acabar disciplinas do 9º ano. Posso dizer que só consigo conciliar o trabalho, a escola e a Susana graças à ajuda da minha mãe.Em algum momento sentiu que não seria capaz de educar a Susana?Senti muito e às vezes ainda sinto. Já passei momentos muito complicados e posso até dizer que a Susana não chegou a passar fome porque o leite era dado pela Santa Casa da Misericórdia, mas hoje em dia tudo está melhor.Gostaria de deixar um conselho para uma adolescente que, tal como a Raquel, tenha engravidado?Sobretudo para seguir a sua intuição e ter calma que ser mãe não é assim tão difícil como imaginamos. Apenas a responsabilidade vai aumentar. Acho que nunca devem deixar de lutar pelos seus sonhos pessoais. Devem continuar a estudar porque por mais difícil que seja conciliar, com um pouco de esforço e de vontade acho que tudo se consegue. Nunca desistam dos sonhos, porque mais cedo ou mais tarde, conseguimos realizá-los!

Adolescentes grávidas

Era uma vez um bebê que nasceu todo sorridente, manhoso, faminto... A família estava em êxtase, era a garotinha mais linda que já tinham visto!
Encheram-na de mimos, procuraram sempre o melhor para ela, embora muitas vezes ela não concordasse que isso fosse realmente o melhor!
Tinham sonhos para essa garotinha, viam-a cheia de glórias, famosa, bem sucedida, de dar orgulho para a família e inveja para os vizinhos.
A garotinha cresceu, foi à escola e conheceu outras garotinhas e garotinhos. Aprendeu muitas coisas, umas boas, outras ruins.
Entrou naquela fase em que as garotinhas se tornam mulheres, mas então algo inesperado (ou esperado) acontece, muda a sua vida e a faz balançar sobre os eixos. Para a família foi um choque, algo que nunca foi planejado e muito menos sonhado. Mas que agora faz parte da sua realidade. A garotinha está confusa, cheia de amor, ódio, alegria, tristeza, sonhos e pesadelos, está perdida em seus próprios pensamentos e ações. O que me levou até aqui? Será que eu quis isso? Foi força do destino ou um descuido meu? O que é que eu faço agora? São para garotinhas como você que essa homepage foi criada, para que você possa se encontrar novamente, e por quê não procurar de agora em diante mudar essa história confusa e dar-lhe um final feliz?
Existem algumas condições que propiciam a gravidez na adolescência, levando milhares de jovens a uma experiência fora de hora, dada a inexperiência e conseqüente dificuldade em cuidar do filho que chega.
Dentre os variados fatores que colaboram para que ocorra este fenômeno em grande número, destacamos a falta de objetivos encontrada nos jovens de classe social mais baixa, que acaba vislumbrando num filho a chance de ter um projeto de vida, além de encontrar a oportunidade de constituir uma identidade, uma vez que não consegue se inserir na vida profissional. Outras condições também se encontram presentes na vida desta população que engravida neste período, tais como lares desestruturados e com pequeno nível de comunicação entre pais e filhos.


Introdução
O mundo vem assistindo a crescente onda de mães muito jovens, que dão a luz numa época em que poderiam estar desenvolvendo algumas capacidades emocionais e cognitivas, além de acumular experiência, dentro da liberdade que existe neste período, próprio para viver diversas circunstâncias e posteriormente adentrar no universo adulto, portando bagagem, mínima que seja, mas que possibilita então, a constituição de uma família com um filho ou mais. Contudo, um número alarmante, mostra muitas adolescentes que acabam tomando outro rumo e engravidam, iniciando ai um cerceamento de suas atividades no campo do desenvolvimento profissional e escolar, sem generalizar, porém, grande parcela delas, acaba restrita ao contato com o lar onde reside.
Quais fatores colaboram no desencadeamento da gravidez na adolescência? A esta pergunta, foi levantado um grupo de condições como resposta, além de alguns itens fundamentais, que por seu turno, geram o impulso a se engravidar num período onde as prioridades deveriam ser outras.

Gravidez na adolescência
Tem sido tarefa difícil explicar a causa de existir tantas adolescentes grávidas, e seu crescente número a cada ano. De um lado, alguns profissionais apontam para a falta de informação, de outro, a questão centra-se numa busca pela identidade por parte dos adolescentes. Cabe o estudo e a reflexão acerca das várias possibilidades que levam à gravidez na adolescência.
Kalina (1999) define que na adolescência, ocorre uma profunda desestruturação da personalidade e que com o passar dos anos vai acontecendo um processo de reestruturação. Baseado nos antecedentes histórico-genéticos e do convívio familiar e social, e também pela progressiva aquisição da personalidade do adolescente, é possível entender que esta reestruturação tem em seu eixo o processo de elaboração dos lutos, a cada etapa deixada sucessivamente. A questão familiar e social funciona como co-determinante no que resulta enquanto crise, especialmente, à conquista de uma nova identidade.
O amadurecimento sexual do adolescente, de acordo com Tiba (1996), acontece de forma rápida, simultaneamente ao amadurecimento emocional e intelectivo, iniciando então, o processar na formação dos valores de independência, que acaba por gerar pensamentos e atitudes contraditórios, especialmente quanto a parceiros e profissões.
Aberastury (1983) diz se tratar de uma luta difícil para o adolescente encontrar uma identidade, que ocorre num processo de longa duração, além de lento, neste período, em que os jovens vão construindo a base final da personalidade, de seu perfil adulto. Este processo acontece por meio de tentativa e erro, em sua maior parte, buscando o verdadeiro eu, e acaba por sofrer agonias e dúvidas, querendo ser diferente do que fora em sua infância, num buscar uma identificação própria e diferente.
Podemos encontrar em Osborne (1975) aspectos importantes sobre pais que valorizam a autonomia e a disciplina no comportamento, estimulam mais o desenvolvimento da confiança, da responsabilidade e da independência. Pais que são autoritários, os quais tendem à repressão dos desacordos, porém não podem exterminá-los, e os filhos adolescentes provavelmente acabam sendo menos seguros, pensando e agindo pouco por si próprios. Pais negligentes ou permissivos que não oferecem o tipo de ajuda que o adolescente precisa; permitem que seus filhos percam o rumo, não oferecendo a eles modelos de um comportamento adulto responsável.
Vemos então, a enorme responsabilidade educacional durante o processo de adolescência, e Sayão (1995) confirma tal postura com relação aos filhos, que crescem e aos pais cabe a preparação sobre as mudanças no corpo e o aprendizado de como lidar com a questão sexual, usando de honestidade e se preocupando em transmitir valores, além das regras.
Ao tratarmos sobre prevenção da gravidez, podemos encontrar pesquisas realizadas através de universidades ou do ministério da saúde brasileiro, onde revelam constantemente que grande parte da população tem tido a informação básica necessária sobre o uso de anticoncepcionais, e que apesar dos adolescentes possuírem este conhecimento, acabam mantendo um relacionamento sexual sem tomar os cuidados necessários e assim, como que numa “loteria”, engravidam inesperadamente.
Se por um lado encontramos uma boa dose de informações que chega até os jovens, por outro, percebemos a constante falta de diálogo entre pais e filhos, não bastando apenas dizer ao adolescente para que use preservativo, mas também esclarecendo sobre as decorrências possíveis, lembrando que uma relação afetiva e estável tem maiores chances de entendimento neste diálogo. Os pais precisam se preparar com conhecimento a respeito, trabalhar melhor sua participação em assuntos “delicados” e, acompanhar equilibradamente a vida de seus filhos.
Outro ponto reforça a estatística sobre gravidez na adolescência, que conforme Varella (2000) nos aponta que, os dados da Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde do Brasil, feita em mil novecentos e noventa e seis, indicaram que quatorze por cento das meninas nesta faixa etária já tinham um filho, no mínimo. Entre as parturientes que foram atendidas pelo Sistema Único de Saúde, entre os anos de mil novecentos e noventa e três e mil novecentos e noventa e oito, teve um aumento de trinta e um por cento dos casos de meninas entre dez e quatorze anos.
Conforme Duarte (1997), podemos compreender que a gravidez na adolescência não é um episódio, mas um processo de busca, onde a adolescente pode encontrar dificuldade e acaba por assumir atitudes de rebeldia. As pesquisas realizadas pela Secretaria de Saúde de São Paulo, mostram que o aumento do crescente número de gravidez na adolescência não é a desinformação. Albertina revela que os depoimentos das adolescentes são surpreendentes. "É comum ouvir das meninas, que engravidaram porque se sentiram abandonadas, ou tinham medo de ficar sozinhas, ou precisavam fazer alguma coisa na vida."
Parece que já nos habituamos a este fato, jovens com tão pouca idade se tornando “mãe”, no sentido biológico, mas existindo pouco preparo ou estrutura, evidentemente. Como é possível, jovens nesta faixa etária estarem preparadas para cuidar de outro ser que requer tantos cuidados? Se o adolescente ainda se encontra em reestruturação da personalidade, levando-se em conta o aspecto emocional e financeiro, além da experiência de vida necessária, como poderá atuar como alguém que necessita oferecer apoio e estruturação a outro?
Sabemos o quanto é importante passar por todas as fases naturais que a vida oferece, como a infância, a adolescência, a fase jovem, adulta e a velhice, períodos onde desenvolvemos estruturas que se auxiliam uma após a outra.
Costa (1997) relata sobre a criança de hoje, que é bastante precoce nas questões da sexualidade, por meio de sua curiosidade em querer conhecer como se formam os bebês e como ocorre a intimidade sexual. Há muitos casos onde as crianças com idade a partir de seis anos, que já desejam olhar revistas de mulheres nuas. Nesta esfera encontra-se a liberação sexual vivida atualmente, a qual contribui para o aumento do número de adolescentes grávidas.
Aumentar a freqüência de informações dentro das escolas, através das aulas é uma boa forma colaboradora, até que este assunto se incorpore definitivamente em nossa cultura, que apesar de “moderna”, ainda é cheia de tabus e preconceitos.
Se a televisão em seus diversos horários, inclusive os de grande audiência, transmite cenas de erotismo e sensualidade, pode também apresentar cenas de prevenção e cuidados a este respeito, em boa dose e intensidade, não apenas em alguns momentos especiais, aumentando conseqüentemente, o estímulo a esta prática fundamental de prevenção, que se dá muito por meio da vontade.
Chamamos atenção para várias adolescentes que engravidaram, e alegaram que mesmo tendo conhecimento sobre o tema, não sabiam explicar o fato de não terem se prevenido, deixando o momento da relação aos cuidados da sorte.
Uma sensação maior parece tomar conta e assim não se pensa em mais nada; apenas acontece a relação. Isto se dá pela falta de maior consciência a respeito. Neste período de adolescência, no qual o jovem acredita estar pronto para o mundo, e é nesta “coragem” que segue avante, mas ainda lhe falta conhecimento e experiência, inevitáveis para lidar melhor com os fatos importantes da vida.
Outra situação, como lares desestruturados, pode levar um adolescente a procurar companhia num filho (Duarte, 1997), por não ter tido uma boa infância, indicando, mais um item na lista dos agentes que fomentam este acontecimento que vem crescendo em nossa época, e cabe refletirmos muito e agir ainda mais para equilibrar o que a natureza nos concedeu: a continuidade da vida, na hora mais adequada possível, onde um mínimo de estrutura esteja presente na relação de um casal que pretende gerar e cuidar de tamanha preciosidade: o seu filho, ou seja, nós, seres humanos.
Dos pontos sinalizados enquanto possibilidades causadoras, e desencadeantes da gravidez na adolescência, entendemos que, este período de transição, pelo qual passa o ser humano, é carregado de transformações físicas e psíquicas, viabilizando uma instabilidade na estrutura da personalidade. Outro fator relevante é a informação que orienta quanto aos cuidados sexuais, a qual mantém o seu grau de importância, e deve fazer parte do contexto educacional a fim de se incorporar, cada vez mais, nos hábitos cotidianos da população. Encontramos ainda, a enorme exposição a estímulos na área sexual, a que as crianças se encontram constantemente e as respostas que emitem, além de gerar uma precocidade em suas atitudes neste mesmo campo. Por outro lado, há uma batalha imediata, ligada à conscientização dos jovens quanto às questões emocionais e sociais que podem levar a gravidez como forma equivocada de gerar identidade nesta fase do desenvolvimento, tão repleta de tribulações e conflitos mediante as sucessivas mudanças que ocorrem, e ainda, ser um projeto de vida para substituir a falta de perspectiva profissional, fazendo do futuro, uma visão de poucas possibilidades de crescimento em várias esferas, a exemplo da educação e cultura. Este exercício de estimular a reflexão e trazer maior consciência, pode ser feito por profissionais que atuam na área social e da saúde; por uma parcela da população que já se encontra com boa experiência de vida e abre espaço para discuti-las; professores que desenvolvam dinâmicas de grupos, e ofereçam canal aberto para uma conversa de linguagem fácil e objetiva, sejam por meio de seus centros comunitários, nos bairros onde moram, sejam pelas escolas.

O que é o planeamento familiar, quais são os seus objectivos e os seus destinatários.

planeamento familiar é uma forma de assegurar que as pessoas têm acesso a informação, a métodos de contracepção eficazes e seguros, a serviços de saúde que contribuem para a vivência da sexualidade de forma segura e saudável. A prática do planeamento familiar permite que homens e mulheres decidam se e quando querem ter filhos, assim como programem a gravidez e o parto nas condições mais adequadas.
Quais são os objectivos do planeamento familiar?
Promover comportamentos saudáveis face à sexualidade;
Informar e aconselhar sobre a saúde sexual e reprodutiva;
Reduzir a incidência das infecções de transmissão sexual as suas consequências, nomeadamente a infertilidade;
Reduzir a mortalidade e a morbilidade materna, perinatal e infantil;
Permitir ao casal decidir quantos filhos quer, se os quer e quando os quer, ou seja, planear a sua família;
Preparar e promover uma maternidade e paternidade responsável;
Melhorar a saúde e o bem-estar da família e da pessoa em causa.
O que é uma consulta de planeamento familiar?
É uma consulta que se destina a apoiar e a informar os indivíduos ou casais, para que estes possam planear uma gravidez no momento mais apropriado, proporcionando-lhes a possibilidade de viverem a sua sexualidade de forma saudável e segura.
O que se faz na consulta de planeamento familiar?
A avaliação do estado de saúde da mulher ou do casal, estimando-se, se necessário, a eventual existência de riscos ou doenças para a mãe ou para o futuro bebé;
Esclarecem-se dúvidas sobre a forma como o corpo se desenvolve e o modo como funciona em relação à sexualidade e à reprodução, tendo em conta a idade da mulher;
Dá-se informação completa, isenta e com fundamento científico sobre os métodos contraceptivos. O contraceptivo escolhido é fornecido gratuitamente nos serviços públicos;
Dá-se informação e acompanhamento tendo em vista uma futura gravidez (fertilidade e infertilidade);
Faz-se o rastreio do cancro ginecológico e das doenças de transmissão sexual;
Informa, ajuda a prevenir, a diagnosticar ou a tratar as infecções de transmissão sexual como a hepatite B, a sífilis, o herpes genital e a sida.
A consulta de planeamento familiar é gratuita?
Sim, a consulta é gratuita nos serviços públicos.
Onde posso marcar uma consulta de planeamento familiar?
No centro de saúde da zona de residência ou em qualquer outro que tenha gabinete de atendimento, bem como em alguns hospitais e maternidades.
Os jovens têm ainda ao seu dispor os serviços dos Gabinetes de Apoio à Sexualidade Juvenil ou Centros de Atendimento a Jovens (CAJ) das Delegações Regionais do Instituto Português da Juventude.
Para saber mais, consulte:
Direcção-Geral de Saúde - Guia do Utente do Serviço Nacional de SaúdeInstituto Português da Juventude

Passo a passo

Todas as fases da gravidez ao longo dos nove meses com toda a informação útil

http://www.megabebes.pt/secgravpp/mes3.asp

Gravidez na adolescência


Relatórios, diagnósticos, jornais, revistas e programas de televisão vêm destacando cada vez mais o tema da gravidez na adolescência, tratando de denunciar e dar visibilidade ao aumento do número de meninas grávidas em todo o País [Brasil]. Nessas matérias são citados vários factores que apontam os riscos físicos de uma gravidez nesta faixa etária, os riscos psíquicos dessa experiência, os prejuízos sociais para a jovem mãe, centrados principalmente no afastamento da vida escolar e no abandono de projectos futuros. Historicamente, no entanto, a idade das mulheres terem filhos está relacionada com os mecanismos gerados pela própria sociedade. Por exemplo, no Brasil do século passado, a faixa etária entre 12 e 18 anos não tinha o carácter de passagem da infância para a vida adulta. E as meninas de elite entre 12 e 14 anos estavam aptas para o casamento; não casá-las nessa idade era problemático para os pais uma vez que, depois dos 14 anos, começavam a tornar-se velhas para procriar. As uniões dessas crianças eram abençoadas pela igreja. Esta constatação mostra quanto a concepção de adolescência está ligada não só a factores físicos e psicológicos mas também a factores económicos que determinam o modelo de sociedade de cada época. Para a psicologia, a adolescência corresponde a um período entre o final da terceira infância até à idade adulta. Este período é marcado por intensos processos conflituosos, com esforços de auto-afirmação. É também um período no qual ocorre uma grande absorção de valores sociais e a elaboração de projectos que levem à plena integração. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) define a adolescência baseada no aparecimento inicial das características sexuais secundárias para a maturidade sexual, pelo desenvolvimento de processos psicológicos e de padrões de identificação que evoluem da fase infantil para a adulta, e pela transição de um estado de dependência para outro de relativa autonomia. Em ambas as definições, o fenómeno da transitoriedade nos aspectos físicos e psicológicos estão presentes como elementos inerentes. Mas não se pode deixar de considerar que a forma de inserção da adolescência ou juventude na vida social adquire formas e importâncias diferenciadas ao longo da história, variando de sociedade para sociedade, de cultura para cultura e de acordo com o contexto económico de cada época. Actualmente, a sociedade atribui à faixa dos 12 aos 20 anos a actividade escolar e a preparação profissional, num contexto de dependência económico-familiar. Nas entrelinhas está dito que é preciso atingir a maioridade, terminar os estudos, ter melhor trabalho e melhor salário, para só então estabelecer uma relação amorosa duradoura A gravidez e a maternidade na adolescência rompem com essa trajectória tida como natural e emergem socialmente como problema e risco a ser evitado. A própria sexualidade dos meninos e das meninas jovens vê-se contrariada pelos projectos que a sociedade lhes impõe visando determinados fins. Por exemplo: a manutenção da reprodução dentro do marco da família; a necessidade de mão-de-obra qualificada em condições de participar da sociedade de consumo; e a intenção de conter a pobreza por meio da diminuição de nascimentos, sobretudo daqueles partos cujas mães sejam adolescentes pobres, na medida em que a pobreza exige, do Estado, assistência, políticas públicas de saúde, de educação, de habitação. No entanto, pesquisa recente tem apontado que, para muitos adolescentes, não existe uma relação directa entre gravidez e fim da juventude. Muitas famílias não vêem isso como uma ruptura social e, até mesmo, se solidarizam com a gravidez. GRANDES QUESTÕES Uma gravidez na adolescência sem dúvida desencadeia factores que representam um comprometimento individual com questões de diferentes ordens. Medo, insegurança, desespero, desorientação, solidão são reacções muito comuns, principalmente no momento da descoberta da gravidez. A gravidez tanto pode ser fruto da vontade quanto da falta de informação sobre sexualidade, saúde reprodutiva e métodos contraceptivos. Pode estar relacionada com aspectos comportamentais, como a inabilidade (às vezes inibição) da jovem para negociar o uso do preservativo com o seu parceiro, ou ainda com a falta de preocupação do rapaz em praticar sexo seguro evitando uma possível gravidez. Muitos homens esquecem-se que a contracepção e a prevenção das DST/SIDA não são questões que pertencem exclusivamente ao universo feminino: num relacionamento, as decisões e a responsabilidade sobre a saúde sexual e reprodutiva são de ambos. É importante conhecer mais de perto a realidade da gravidez na adolescência. Há questões muito complexas que merecem atenção especial para serem compreendidas: por exemplo, que associação existe entre violência doméstica, violência de género, desinformação, baixa escolaridade, situação de pobreza, baixa auto-estima e gravidez em idade precoce? De que informações e de que atenção à sexualidade e saúde reprodutiva dispõem as meninas que engravidam? E os meninos, que lugar ocupam nessa história? Que possibilidade têm os e as adolescentes de disporem de métodos contraceptivos de baixo custo? São estas e outras questões de diferentes ordens que ampliam a possibilidade de conhecimento e permitem desenhar propostas efectivas e adequadas de intervenção. Não se pode esquecer que os motivos que levam a jovem a engravidar - e que são vários - devem ser ouvidos e discutidos. Cada caso é um caso, e o desenlace depende da capacidade de se lidar com a questão, da maneira como se foi educado, dos valores de cada época e, principalmente, do apoio familiar e dos profissionais. Apoiar a adolescente que engravida e seu parceiro não significa estimular a gravidez entre adolescentes, mas criar condições para que esse processo não resulte em problemas físicos e psicossociais. POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO A primeira coisa que um educador deve fazer é fornecer aos jovens informações claras e honestas sobre sexualidade e saúde reprodutiva. Muitos programas focalizam somente questões reprodutivas. No entanto, para se estabelecer sintonia com os anseios dos jovens é necessário desenvolver actividades que abordem também os aspectos sociais e psicológicos da sexualidade. Alguns programas que vêm obtendo êxito ajudam os jovens a desenvolver habilidades para lidar com a sua sexualidade, tais como poder de decisão, assertividade, capacidade de negociação, etc. O desenvolvimento destas habilidades pode ser trabalhado, observando-se os seguintes itens: a) garantir que o aprendizado e a discussão sobre sexualidade, contracepção e prevenção das DST/SIDA ocorra antes de os adolescentes ou jovens iniciarem a vida sexual activa; b) incluir e garantir a participação dos adolescentes em todos os estágios do processo educacional; c) levantar temas de interesse sobre sexualidade, discuti-los por ordem de prioridade e levá-los a reflectir sobre a necessidade de usar contraceptivos para evitar a gravidez e prevenir as DST/SIDA; d) reflectir e discutir as relações de género, valores, sentimentos e emoções; e) responsabilizar também os meninos quanto à anticoncepção e à importância do uso do preservativo; f) estimular os meninos e as meninas a adquirirem novas habilidades e atitudes desenvolvendo actividades como dramatizações e exercícios de dinâmica de grupo. Além disso, uma abordagem com um carácter menos coercitivo, possibilita formular programas mais adequados às necessidades enfrenta-das pelos adolescentes, sem "pré-conceituar" a paternidade e a maternidade nessa fase como pura e sim-plesmente negativa. Muitas vezes, mesmo quando um rapaz quer assumir um papel activo como pai de seu filho, a maioria das instituições sociais ainda parecem recusar-lhe essa possibilidade. Do ponto de vista do educador, é importante criar espaços, mostrar alternativas e despertar o prazer pelo conhecimento. RECOMENDAÇÕES Além das acções educativas, é preciso constituir políticas de saúde reprodutiva para os jovens de forma mais ampla, com caráter intersectorial levando em conta a participação dos jovens, considerando a heterogeneidade existente, inclusive dentro da faixa etária (10 a 19 anos, na definição da OMS), e de jovens (15-24 anos, idem), e propor estratégias diferenciadas que privilegiem os grupos de maior vulnerabilidade. Implementar políticas que aumentem o acesso a serviços de promoção geral da saúde reprodutiva e a métodos que promovam o sexo seguro e a dupla protecção. E, além disso, implementar políticas que abram oportunidades para actividades produtivas, educativas e recreativas visando a ocupação do tempo livre e mudanças de estilo de vida, decorrentes da maternidade e da paternidade. É importante também considerar uma articulação intersectorial, garantindo as seguintes acções: a) inclusão de temáticas relativas à saúde e sexualidade na adolescência em todos os projectos voltados para adolescentes; b) articular projectos de educação sexual nas escolas com retaguarda nos serviços de saúde; c) garantir acesso e disponibilizar métodos contraceptivos para os jovens, inclusive a contracepção de emergência; d) garantir orientação sobre sexualidade e saúde reprodutiva para o pai e a mãe adolescente após o parto; e) criar abrigos para gestantes adolescentes, favorecendo o seu acesso a projectos de reforço escolar, profissionalização, etc.; f) garantir os cuidados da criança (creches, parentes, etc.) para que as mães possam continuar na escola; e g) implementar projetos comunitários que ofereçam atenção integrada aos adolescentes (saúde, reforço escolar, desporto, profissionalização, etc.). O PAI ADOLESCENTE A gravidez na adolescência tem sido vista e tratada como uma questão exclusiva do universo feminino. São poucas as agendas que relatam experiências de pais adolescentes. Segundo constatações verificadas pelo Programa PAPAI de Recife em seus trabalhos sobre paternidade adolescente, a gravidez na adolescência confunde-se na literatura e nas acções sociais com maternidade na adolescência, ou seja, fala-se muito sobre gravidez na adolescência, mas, na verdade, fala--se mesmo sobre a adolescente grávida. Basta reparar que o filho em geral é percebido como sendo da mãe; o homem jovem quase sempre é percebido como naturalmente inconsequente, aventureiro e impulsivo; o jovem pai é visto, sempre e por princípio, como ausente e irresponsável. Um dos problemas centrais dos estudos sobre gravidez na adolescência, inclusive comprometendo parte dos resultados obtidos, é a escassez ou ausência total de informações sobre os pais. Essas pesquisas tendem a focalizar a experiência da mãe e pouco (ou nada!) falam sobre o pai. Além disso, esses estudos:
a) não perguntam sobre o que pensam os homens a respeito da reprodução ou fertilidade;
b) as informações sobre o pai são obtidas de forma indirecta, muitas vezes a partir do que as mães dizem;
c) quando existem pais nas pesquisas, o número é geralmente muito pequeno e não se focaliza a experiência de ser adolescente e estar passando pela experiência da paternidade;
d) os resultados são pouco precisos para medir transformações psicológicas e culturais; e) nem todo o parceiro da grávida adolescente é também um adolescente. Em geral ele é um jovem ou adulto;
f) as informações disponíveis, geralmente, restringem-se aos que moram efectivamente com seus filhos.
Texto elaborado por ECOS - Comunicação em Sexualidade, disponível no site do Instituto Pólis

MÃES ADOLESCENTES

Estudos sobre aspectos de inserção social de mães adolescentes

http://higiene.med.up.pt/02-M%E3es.pdf

legislação sobre gravidez na adolescência

Diário da República com toda a informação sobre prevenção da gravidez e outras questões legais


http://www.cite.gov.pt/cite/destaques/IIPNIguald.pdf

A mãe e o bébé

A maternidade na adolescência é uma condição de risco no desenvolvimento da mãe e do bebé, interferindo adversamente nas suas respectivas trajectórias desenvolvimentais. Mesmo assim, algumas mães são capazes de se adaptarem à circunstância de a maternidade ocorrer durante a adolescência e alguns bebés não apresentam efeitos adversos decorrentes do facto de as suas mães serem adolescentes. Ao longo deste artigo foram descritas as consequências adversas que podem verificar-se na sequência de a maternidade ocorrer na adolescência, nomeadamente em termos do bem-estar da mãe e do bebé. As dificuldades de adequação da mãe, particularmente em termos da interacção e dos cuidados a providenciar ao bebé, foram também apresentadas, assim como foram analisadas as circunstâncias (factores protectores e condições de resiliência) que possibilitam trajectórias desenvolvimentais mais adaptadas, quer para a mãe adolescente, quer para o seu bebé.

VARIÁVEIS DE RISCO PARA A GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA - 1


Gláucia da Motta Bueno

I - ADOLESCÊNCIA, SEXUALIDADE E GRAVIDEZ
Parte 1
1.1 – Adolescência e Comportamento Sexual

A adolescência é um período de vida que merece atenção, pois esta transição entre a infância e a idade adulta pode resultar ou não em problemas futuros para o desenvolvimento de um determinado indivíduo.
No entanto, para entender como a adolescência pode favorecer o aparecimento de problemas como a gravidez precoce, o alcoolismo, abuso de drogas, entre outros, é necessário uma breve revisão sobre este período.
A palavra adolescência vem do latim “adolescere” que significa “fazer–se homem/mulher” ou “crescer na maturidade” (Muuss, 1982 apud Kimmel & Weiner, 1995, p. 2), sendo que somente a partir do final do século XIX foi vista como uma etapa distinta do desenvolvimento (Reinecke, Dattílio & Freeman, 1999).
Atualmente, a adolescência se caracteriza como uma fase que ocorre entre a infância e a idade adulta, na qual há muitas transformações tanto físicas como psicológicas, possibilitando o surgimento de comportamentos irreverentes e desafiantes com os outros, o questionamento dos modelos e padrões infantis que são necessários ao próprio crescimento (Kahhale, Odierna, Galleta, Neder & Zugaib, 1997b; Banaco, 1995; Beaufort, 1996; Kimmel & Weiner, 1995; Muuss, 1996).
Gláucia da Motta BuenoR

Esta é a dissertação de mestrado da psicóloga Gláucia da Motta Bueno. Trata-se de um estudo sobre as variáveis de risco para a gravidez na adolescência.

É um tema oportuno na medida em que passamos por, pelo menos, duas crises envolvendo essa questão: a procriação humana inconseqüente ou sem planejamento e, em segundo, a banalização da maternidade em idades cada vez mais precoces.
Colocamos em PsiqWeb a Introdução do trabalho, que nos dá perfeitamente uma boa idéia da pesquisa e a conclusão, igualmente importante para a compreensão do tema. Isso totalizou 3 páginas.
Para interessados, disponibilizamos para download um arquivo zipado em .doc do trabalho todo. Para conseguí-lo clique aqui.


Ana Rafaella C. BezerraAndreza Trigo RibeiroAngela Cristini GebaraCarmen Sylvia RibeiroCasiana T. ChalegreCésar de MoraesCibele Cintra SouzaCláudia D'AndrettaCleber Monteiro MunizDaniela Sá L. GuimarãesDiany I. de SouzaGláucia da Motta Bueno Glaucio Menoni HonoratoMagda VaissmanRenata RigacciRosângela Maria Bassoli

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a adolescência compreende um período entre os 11 e 19 anos de idade, desencadeado por mudanças corporais e fisiológicas advindas da maturação fisiológica (Kahhale, 1997).

Na literatura (Muuss, 1996), o término da adolescência é definido em termos sociais, ou seja, é marcado por rituais de passagem como, por exemplo, o casamento.

Contudo, no Brasil a adolescência possui diferentes configurações, pois depende da classe social em que o adolescente está inserido. Nas classes mais privilegiadas, é entendida como um período de experimentação sem grandes conseqüências emocionais, econômicas e sociais; o adolescente não assume responsabilidades, pois dedica-se apenas aos estudos, sendo essa a sua via de acesso ao mundo adulto. Enquanto nas classes mais baixas, que representam aproximadamente 70 milhões de adolescentes com menos de 18 anos, os riscos do experimentar, tentar, viver novas experiências são maiores e não há a possibilidade de se dedicar somente aos estudos, tornando a adolescência simplesmente, um período que antecederá a constituição da própria família (Kahhale et al, 1997b; Pereira, 1996).

As mudanças físicas ocorrem devido ao aumento da produção hormonal neste período, o que pode provocar uma alteração das emoções, portanto, explicando a perda de controle e desequilíbrio psicológico do adolescente (Kimmel & Weiner, 1995; Pereira, 1996).

No entanto, para a análise do comportamento, essa alteração das emoções no adolescente pode ser explicada através do papel do ambiente em sua vida, ou seja, seus comportamentos podem ser fruto de uma interação com um ambiente punitivo que não possibilita o aumento e a adequação do seu repertório comportamental. Muitos destes comportamentos são esquivas de um ambiente aversivo. Os problemas do adolescente está em sua relação com o mundo (Banaco, 1995).

Esta postura é compartilhada com a teoria da aprendizagem social que também acredita que o comportamento é primeiramente determinado pelos fatores sociais e ambientais, operando com o contexto situacional particular (Muuss, 1996).

Evidentemente as modificações biológicas são importantes, mas o desenvolvimento psicológico dos adolescentes é mais determinado pelo ambiente sócio-cultural em que vivem (Kimmel & Weiner, 1995), portanto este é o foco da análise do comportamento.

A maior contribuição das mudanças biológicas, do ponto de vista cultural, é a "transformação do estado não reprodutivo ao reprodutivo" (Schlegel & Barry, 1991 apud Muuss, 1996, p. 385), pois o amadurecimento do sistema reprodutivo impõe os limites para cada sexo (Kahhale, 1997); neste contexto, surge a sexualidade na adolescência; sendo esta temática de relevância mundial, pois tanto dificuldades como desafios que aparecem aos adolescentes ocorrem independentemente da diversidade cultural, étnica e social (Carvalho, 1999).

Acompanhando as alterações hormonais, o comportamento sexual do adolescente é um produto de fatores culturais presentes no ambiente, que cada vez mais erotiza as relações sociais (Silvares, 1999; Banaco, 1995; Muuss, 1996).

No entanto, o comportamento sexual tem como principal função a sobrevivência da espécie, ou seja, é um comportamento biologicamente determinado, encontrando-se social e culturalmente controlado, o que não permite dizer que o comportamento sexual do adolescente é controlado por um único conjunto de procedimentos (Skinner, 1998).

A sexualidade do adolescente pode se expressar através do relação heterossexual e/ou homossexual, da masturbação e de fantasias (Muuss, 1996; Masters, Johnson & Kolodny, 1988).De acordo com alguns autores (Banaco, 1995; Strasburger, 1999; Muuss, 1996), este comportamento durante a adolescência deve-se às expectativas sociais e à modelação a partir da televisão, filmes e músicas que influenciam o espectador desde a mais tenra idade.

A modelação é definida por Bandura (1979) como a aprendizagem vicária de comportamentos, ou seja, através da observação de modelos, pode-se adquirir padrões de respostas autonômicas, motoras e/ou cognitivas, sendo que esses modelos podem ser reais ou simbólicos, tais como personagens de filmes e livros.
Porém, aprender por observação é diferente de aprender por imitação, pois a imitação não implica que o organismo que imita tenha aprendido alguma coisa sobre as contingências que estão operando no ambiente, sendo que nem toda imitação produz conseqüências muito vantajosas, ou seja, a imitação reproduz fielmente aquilo que o indivíduo observou (Catania, 1999).
Assim, pode-se entender melhor o que acontece no comportamento sexual do adolescente, parece que algumas vezes comporta-se por imitação e não pela modelação, pois muitos comportamentos que emitem, resultam em conseqüências mais punitivas que reforçadoras, a exemplo a própria gravidez na adolescência.

De acordo com Bandura (1979), quando o comportamento de imitação é positivamente reforçado e respostas divergentes não são recompensadas ou são punidas, o comportamento dos outros começa a funcionar como estímulo discriminativo para o reforçamento no controle das respostas sociais.

Dessa maneira, talvez os processos de modelação também possam ser utilizados no controle da gravidez na adolescência. Embora em alguns casos, a gravidez possa trazer conseqüências reforçadoras, como o casamento precoce entre adolescentes, muitas vezes traz conseqüências punitivas a curto e longo prazo, como o convívio com condições econômicas precárias devido ao despreparo social e psicológico dos adolescentes para exercerem a paternidade e o abandono aos estudos (Cunha et al,1999; Wong & Melo, 1987; Fávero & Mello, 1997).

A análise skinneriana dos fenômenos da modelação apóia-se sobre o paradigma dos três termos Sd * R * Sr, onde Sd representa o estímulo discriminativo modelado, R uma resposta manifesta de emparelhamento e Sr o estímulo reforçador (Bandura, 1979).

É difícil notar como esse esquema de aprendizagem pode ser aplicado na aprendizagem por observação, a qual o observador não desempenha manifestamente as respostas do modelo durante a fase de aquisição, em que os reforços não são administrados quer ao modelo, quer ao observador e em que o primeiro aparecimento da resposta adquirida pode ser retardado por dias, semanas e meses (Bandura, 1979).

No último caso, que é uma das maneiras predominantes de aprendizagem social, dois dos eventos (R * Sr) do paradigma dos três termos estão ausentes durante a aquisição, e o terceiro elemento (Sd ou estímulo modelador) está tipicamente ausente na situação em que a resposta aprendida por observação ocorre (Bandura, 1979).

Em relação ao comportamento sexual do adolescente, considerando essa análise, pode-se dizer que filmes, músicas ou novelas atuam como estímulo discriminativo modelador para que o adolescente inicie precocemente sua vida sexual, obtendo como reforço imediato o prazer de experimentar tal situação, resultando em uma comportamento modelado pelas contingências.
Durante as décadas de 70 e 80, a produção de filmes com a "exploração sexual" de adolescentes foi grande; Hollywood apelou para os adolescentes por serem o maior segmento da população que vai aos cinemas. Muitos são os filmes que lidam com o sexo na adolescência, porém de maneira inadequada, pois nestes, a relação sexual e a contracepção estão muito distantes, além de favorecerem a promiscuidade (Strasburger, 1999).

Estes filmes podem ser vistos como incentivadores ao adolescente para que inicie sua vida sexual sem medidas contraceptivas, favorecendo em conseqüência disto, a gravidez na adolescência quando os processos de modelação são considerados na instalação de novos comportamentos no repertório do indivíduo, pois o adolescente sem discriminar as contingências implicadas, preocupa-se apenas com a obtenção do reforço imediato - o prazer das relações sexuais - sem pensar nas conseqüências aversivas que podem ocorrer em virtude do seu comportamento.
Um estudo realizado por Corder-Bolz (1981 apud Strasburger, 1999) mostrou que as gestantes adolescentes apresentavam-se duas vezes mais propensas a pensar que os relacionamentos da televisão são como aqueles da vida real do que as adolescentes não-grávidas, e que as personagens não usariam contracepção, se envolvidas em um relacionamento sexual, o que demonstra a falta de discriminação da complexidade desta situação.
Assim, o comportamento sexual do adolescente pode ser visto como sendo mais um produto de contingências ambientais do que meramente um efeito derivado de mudanças hormonais, pois é no ambiente que se pode encontrar as condições que favoreçam a sua manifestação.

1.2 - Gravidez na Adolescência
A gravidez é uma fase da vida que não depende da idade da mulher (Sarmento, 1990), pode ocorrer a qualquer momento desde de que haja as condições fisiológicas e ambientais apropriadas para propiciá-la.
Durante anos, em todo o mundo, atribuiu-se demasiada importância à fertilidade, evitando-se a esterilidade, pois ter filhos era a maneira do casal prevenir-se da velhice e transmitir o seu nome (Ramos & Cecílio, 1998).
Com a gravidez, tanto o homem como a mulher, encontram a maneira ideal para definirem-se e identificarem-se como tal, através dela é que se confirma a potencialidade do homem e da mulher permitindo a continuidade da família e a criação de algo próprio (Kahhale, 1997). Dessa forma, pode-se dizer que a gravidez representa um período de relativa importância e muitos significados.

As sociedades indígenas, valorizavam muito a fertilidade feminina e quando a mulher não podia ter filhos, trazia-se outra para tê-los em seu lugar (Ramos & Cecílio, 1998). Ao longo dos tempos a gravidez assumiu diversas caracterizações; antigamente a mulher engravidava várias vezes, tendo um grande número de filhos; atualmente ainda há famílias que vêem a gravidez com entusiasmo e alegria, obviamente isso depende de como cada gravidez é vista e vivida no meio familiar, o qual é fortemente influenciado pelos aspectos socioeconômicos e culturais (Ramos & Cecílio, 1998).
No entanto, nos dias de hoje a mulher opta por ter poucos filhos, ou tê-los em idade mais avançada, ou ainda, não tê-los em alguns casos.
A gravidez continua tendo um papel parental biologicamente determinado, assim como o parto e a amamentação, podendo servir como um dos eventos socializadores da mulher, pois estabelece novas relações com as figuras parentais, amigos e familiares (Eiras, 1983; Kahhale, 1997). Atualmente, a inserção feminina no mercado de trabalho também pode ser vista como um evento socializador, o que há alguns anos atrás ocorria somente entre os homens. Essa transformação da mulher aconteceu em função do custo de vida elevado da atualidade, levando-a a trabalhar fora, deixando de cuidar apenas dos filhos e da casa como antes fazia.

Por essa razão, entre outras, a gravidez na adolescência causa preocupações à sociedade, pois os jovens muitas vezes encontram-se despreparados para enfrentar o mercado de trabalho, o que pode torná-los marginalizados agravando o quadro de pobreza do país (Cunha et al, 1999; Wong & Melo, 1987; www. uol. com.br/psicopedagogia/artigos/ gravidez.htm, 1999).

A gravidez é um período de vida da mulher, no qual ocorrem profundas transformações endócrinas, somáticas e psicológicas que repercutem em sua vida. Essas mudanças ocorrem da mesma maneira durante a adolescência, o que de acordo com alguns autores (Galletta et al, 1997; Kahhale, 1997a; Sarmento, 1990; Maldonado, 1997) favorece o agravamento da crise comum a ambas as fases do desenvolvimento, pois alegam que gravidez e adolescência são períodos críticos de vida.

O termo crise diz respeito àqueles períodos de transição inesperados como àqueles aspectos inerentes ao desenvolvimento; as crises são precipitadas por mudanças internas ou externas, tendo como principal característica o fato de constituir uma encruzilhada para a saúde mental (Maldonado, 1997).

Nesse sentido, a gestante adolescente merece toda atenção dos profissionais da saúde com o intuito de amenizar as dificuldades deste período, como no programa do Adolescente da Secretaria Estadual da Saúde que já atendeu mais de 220 mil garotas. O programa foi instalado no Hospital das Clínicas de São Paulo e em 112 postos de saúde, nos quais mais de 500 profissionais de 150 cidades do Estado de São Paulo receberam treinamento inicial para a formação de equipes e a metodologia empregada atraiu o interesse de profissionais da saúde de países como a Itália, Estados Unidos e França. As gestantes adolescentes passam por diversas etapas de atendimento que compõem um diagnóstico ágil que enfatiza os aspectos educacionais, desenvolvem atividades artesanais, além de receberem atendimento ginecológico básico e quando necessário podem passar por fonoaudiólogos, terapeutas, nutricionistas e até dentistas, orientações quanto à contracepção, atividade sexual e estímulo à auto-estima (Órgão Oficial do Cremesp, 1999).

Para Sarmento (1990), a vivência da maternidade durante a adolescência torna-se mais complicada, pois as exigências que aparecem na busca da identidade do adolescente, acrescenta-se à grande exigência do "tornar-se mãe".

Este quadro pode ser mais grave quando ocorrido em um ambiente menos favorável. No Brasil, onde a adolescência possui diferentes configurações, por exemplo, uma jovem de classe baixa que engravida encontra maiores dificuldades devido as suas condições socioeconômicas precárias e à falta de apoio, muitas vezes, da própria família e do parceiro (Kahhale et al, 1997b; Cunha et al, 1999; Wong & Melo, 1987 & Mahfouz et al, 1995).

Em 1998, no Brasil, foi registrado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quase 700 mil partos de mães com idade entre 10 e 19 anos, tendo gasto cerca de R$153 milhões em gestações de adolescentes (www. uol.com.br/psicopedagogia/artigos/gravidez.htm, 1999); isso deve-se à completa falta de informação, de educação sexual e a insegurança do adolescente em utilizar métodos contraceptivos (Órgão Oficial do Cremesp, 1999). Assim, a gravidez, que na maioria dos casos não foi planejada, aparece em destaque entre os problemas sociais e de saúde pública (Carvalho, 1999).

Sabe-se que o número de adolescentes que engravidam aumenta progressivamente e em idades cada vez mais precoces, pois a idade da menarca tem se adiantado por volta de quatro meses por década do século XX, sendo que a idade média para que ocorra é de 12,5 a 13,5 anos, expondo a adolescente a engravidar cada vez mais cedo (www. geocities.com/ Heartland/Plains/8436/ gravidez/html, 1997).

A revolução sexual das décadas de 60 e 70 em conseqüência do movimento feminista (Fávero & Mello, 1997), favoreceu o aumento da gravidez na adolescência, não somente no Brasil, mas em outros países como os Estados Unidos, onde na década de 70 ocorreu uma "epidemia" de adolescentes grávidas (Goldenberg & Klerman, 1995).

De acordo com Wong & Melo (1987), a crescente tendência da liberação do comportamento social, especificamente, o sexual, contribui para o aumento da gravidez na adolescência, devido à falta de conhecimento do próprio corpo enquanto função reprodutora, vinda da falta de uma educação esclarecedora tanto no âmbito familiar como no escolar e social.

Nesse contexto, é interessante que as escolas, tanto públicas quanto particulares, enfatizem a educação sexual para os jovens, esclarecendo suas dúvidas e lhes oferecendo toda orientação a respeito do assunto.

Em 1996, 29.520 garotas de 11 anos de idade engravidaram no Brasil (www. geocities.com/ Heartland/Plains/8436/ gravidez/html, 1997). Atualmente, no Brasil, a cada quatro milhões de mulheres que engravidam anualmente, um quarto delas são gestantes adolescentes (Galletta et al, 1997; www. uol.com.br/psicopedagogia,artigos/gravidez.htm, 1999). Além disso, o parto normal tem sido a primeira causa de internação de jovens entre 10 e 14 anos de idade nos hospitais conveniados com o Sistema Único de Saúde (SUS) em todos os estados do país (www. planetabrasil.com. br/gravidez.htm, 1998).

Nos Estados Unidos, em 1992, 12,7% dos bebês nascidos vivos eram de jovens com menos de 20 anos de idade (Goldenberg & Klerman, 1995). De acordo com Rome et al (1998), a gravidez na adolescência tornou-se um grande problema nesse país, pois a cada um milhão de adolescentes que engravidam 84% não querem ser mães, o que favorece o aparecimento de um outro problema - o aborto, algo que também ocorre no Brasil, principalmente nas classes sociais mais privilegiadas que vêem nele, a solução para o problema da gravidez da jovem adolescente (Cunha et al, 1999).

No entanto, isso ocorre sem os pais adolescentes assumirem, mais uma vez, a responsabilidade sobre a decisão de ter ou não o bebê, reproduzindo os possíveis determinantes do crescimento da gravidez na adolescência: a falta de responsabilidade e desorientação dos jovens (Cunha et al, 1999).

Um outro inconveniente da gravidez durante a adolescência, diz respeito às funções fisiológicas, ou seja, as adolescentes representam um grupo de alto risco obstétrico, pois apresentam um elevado nível de complicações quando comparadas às demais, além de favorecer o nascimento de bebês prematuros ou quando a mãe possui idade inferior a 13 anos, tem duas vezes e meia a mais possibilidade de gerar um bebê com baixo peso (Goldenberg & Klerman, 1995; Mahfouz et al, 1995; Du Plessis, Beel & Richards, 1997; Phipps-Yonas, 1980; Masters, Johnson & Kolodny, 1988; www. geocities. com/ Heartland/ Plains/ 8436/gravidez.htlm, 1997).

Os efeitos da gravidez na adolescência quanto aos resultados clínicos causam controvérsias (Goldenberg & Klerman, 1995), como exemplo dessa polêmica, pode-se citar um estudo realizado na Arábia Saudita (Mahfouz et al, 1995) que aponta os mesmos riscos para jovens e mulheres entre 20 e 35 anos para desenvolverem anemia e hipertensão.
Esses autores alegam que a adolescência não aumenta os riscos obstétricos, já que neste país é muito comum o casamento antes dos 20 anos de idade e que a taxa de concepção entre as jovens não foi, neste estudo, diferente àquelas com idade entre 20 a 35 anos de idade. Preocupam-se com os aspectos sociais e econômicos, ou seja, para eles em uma sociedade que provê suporte socioeconômico e um bom acesso aos cuidados pré-natais, a adolescência não pode ser considerada um grupo de alto risco para a gravidez.

Acredita-se, atualmente que os riscos da gravidez durante a adolescência seja mais determinado por fatores psicossociais relacionados ao ciclo da pobreza e educação existente, e fundamentalmente, a falta de perspectivas na vida dessas jovens sem escola, saúde, cultura, lazer e emprego; para elas, a gravidez pode representar a única maneira de modificarem seu status na vida (www. uol.com.br/psicopedagogia/artigos/gravidez.htm, 1999).

Sabe-se que em sociedades pré-industrializadas, a atividade sexual e conseqüentemente a gravidez são fenômenos seguidos geralmente da menarca; porém, o Brasil não se trata de uma sociedade pré-industrializada e sim, apesar de dependente, uma sociedade capitalista ligada a muitas circunstâncias que deveriam tender a prorrogar a entrada no casamento e o intercurso sexual (Wong & Melo, 1987).

Mais uma vez pode-se notar o impacto do ambiente na gravidez durante a adolescência e que esta depende de variáveis culturais, sociais e individuais presentes em cada comunidade, as quais serão apresentadas a seguir.

Depressão na adolescência



Durante muitos anos acreditou-se que os adolescentes, assim como as crianças, não eram afetadas pela Depressão, já que, supostamente, esse grupo etário não tinha problemas vivenciais. Como se acreditava que a Depressão era exclusivamente uma resposta emocional à problemática existencial, então quem não tinha problemas não deveria ter Depressão.

Atualmente sabemos que os adolescentes são tão suscetíveis à Depressão quanto os adultos e ela é um distúrbio que deve ser encarado seriamente em todas as faixas etárias. A Depressão pode interferir de maneira significativa na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral do adolescente, podendo até levar ao suicídio. Quase todas as pessoas, sejam jovens ou idosas, experimentam sentimentos temporários de tristeza em algum momento de suas vidas.

Estes sentimentos fazem parte da vida e tendem a desaparecer sem tratamento. Isso não é Depressão.Quando falamos de "Depressão", estamos falando de uma doença com sintomas específicos, com duração e gravidade suficiente para comprometer seriamente a capacidade de uma pessoa levar uma vida normal.

Não devemos, nem por brincadeira, julgar as pessoas deprimidas como se elas estivessem ficando loucas, nem tampouco devemos achar que há motivos para o deprimido se envergonhar. A Depressão é uma doença como tantas outras da medicina, sem motivos para vergonha e com real necessidade de tratamento, assim como a medicina faz com a asma, gastrite, hipertensão, etc.

A Depressão afeta pessoas de todas as idades, de todas as nacionalidades, em todas as fases da vida. Estima-se que cerca de 5% da população mundial sofra de Depressão (incidência) e que cerca de 10% a 25% das pessoas possam apresentar um episódio depressivo em algum momento de sua vida (prevalência).

Entre aqueles que já sofreram um Episódio Depressivo, há maior probabilidade de terem mais outros episódios depressivos ao longo de suas vidas, embora esta probabilidade varie muito de pessoa para pessoa.

Em Psychiatry On-Line Brasil tem um artigo interessante de autoria de Enio A. M. Resmini sobre Suicídio na Adolescência. Veja um trecho:

"A adolescência é uma etapa de conflitos e contradições para a maioria das pessoas. O jovem entra no mundo adulto através de profundas alterações no seu corpo, deixa para trás a infância e é lançado num mundo desconhecido de novas relações com os pais, com o grupo de iguais e forte angústia, confusão e sentir que ninguém o entende, que está só e que é incapaz de decidir corretamente seu futuro. Isto ocorre, principalmente, se este jovem estiver inserido em um grupo familiar que também está em crise por separação dos pais, violência doméstica, alcoolismo de um dos pais, doença física ou morte.
Estando completamente sem apoio no meio familiar, pode buscar desesperadamente o apoio de um grupo de iguais, o qual, pode ser constituído de jovens problemáticos ou francamente delinqüentes. Sem o suporte da família e entre amigos que são fonte insuficiente de apoio, encontramos o ambiente favorável para o desenvolvimento da depressão do adolescente."

Esse assunto é também tratado aqui, na secção de Adolescência, porque muitas pessoas apresentam uma primeira crise de Depressão durante a adolescência, apesar de nem sempre essa crise ser reconhecida. Segundo os especialistas, a Depressão comumente aparece pela primeira vez em pessoas com idade entre 15 e 19 anos.
Há muitas tentativas de se definir adolescência, embora nem todas as sociedades possuam este conceito. Cada cultura possui um conceito de adolescência, baseando-se sempre nas diferentes idades para definir este período. No Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente define esta fase como característica dos 13 aos 18 anos de idade.

A puberdade tem um aspecto biológico e universal, caracterizada que é pelas modificações visíveis, como por exemplo, o crescimento de pêlos pubianos, auxiliares ou torácicos, o aumento da massa corporal, desenvolvimento das mamas, evolução do pênis, menstruação, etc. Estas mudanças físicas costumam caracterizar a puberdade, que neste caso seria um ato biológico ou da natureza.

De fato, observou-se nas duas últimas décadas um aumento muito grande do número de casos de Depressão com início na adolescência e na infância. Algumas pesquisas também mostram que cerca de 20% dos estudantes do 2º grau sentem-se profundamente infelizes ou têm algum tipo de problema emocional. Talvez seja porque o mundo moderno esteja se tornando cada vez mais complexo, competitivo, exigente, e muitos adolescentes têm dificuldades para lidar com as necessidades de adaptação que se deparam diariamente.

De modo geral os adolescentes se deparam com várias situações novas e pressões sociais, favorecendo condições próprias para que apresentem flutuações do humor e mudanças expressivas no comportamento. Alguns, entretanto, mais sensíveis e sentimentais, podem desenvolver quadros francamente depressivos com notáveis sintomas de descontentamento, confusão, solidão, incompreensão e atitudes de rebeldia. Esse quadro pode indicar Depressão, ainda que os sentimentos de tristeza não sejam os mais evidentes.

Os traços afetivos da personalidade talvez sejam as condições capazes de explicar a razão pela qual alguns adolescentes se tornam deprimidos enquanto outros não. Como ocorre com qualquer outra doença, algumas pessoas são mais suscetíveis que outras, além disso. Embora as tensões da vida cotidiana do adolescente sejam importantes fatores para o aparecimento da Depressão muitos jovens passam por acontecimentos desagradáveis sem desenvolver Depressão. A tristeza, comum nos momentos de reflexão da adolescência, é uma experiência normal que geralmente não progride para Depressão se a pessoa não tiver outros requisitos emocionais propícios ao desenvolvimento do transtorno afetivo.

Conflitos da Adolescência
Hoje em dia é comum pais se orgulharem ao ver seu filhinho/a lidando perfeitamente bem com o computador, com o vídeo cassete, com aparelho de DVD e outras parafernálias da tecnologia, muitas vezes quando eles próprios não sabem fazê-lo ou fazê-lo tão bem.

Essa admiração pela versatilidade tecnológica das crianças é, às vezes, acompanhada de hipóteses familiares (notadamente de avós orgulhosos) sobre "as crianças de hoje serem mais inteligentes e espertas que antes". Na realidade, o que tem acontecido é que as crianças de hoje deixam de ser subordinadas na medida em que detém mais saber ou experiência, deixam de submeter-se à supervisão dos mais velhos, como foi durante muitas eras.

O conflito surge quando a criança se percebe frente a posições contraditórias. Ela é, ao mesmo tempo, aquela que não sabe por não ser adulta ainda, portanto, tendo que obedecer ao protocolo cultural de freqüentar a escola, cursos cada vez mais sofisticados e esportes que deixaram há muito o aspecto apenas lúdico e, por outro lado, ela já não pode portar-se puerilmente. Não pode ser criança por saber mais que os próprios pais a lidar, portanto por ter responsabilidades, com os apetrechos da vida moderna tecnológica.

Assim sendo, os adolescentes se encontram imersos num mundo de ambigüidades e contradições. Entre as pulsões para "abraçar o mundo", passando por cima de tudo e de todos, e momentos de depressão e frustração, o adolescente se ressente da falta de liberdade e autonomia dos adultos e, ao mesmo tempo, não pode usufruir da irresponsabilidade da infância..
Durante a puberdade, geralmente, a fase inicial das mudanças no aspecto físico é contrária aos modelos de estética ideais. A garota gostaria de já se ver com seios fartos, ancas roliças, etc., e o menino desejaria ter a musculatura desejável, barba, etc. Essa distonia entre o corpo e a aspiração pode desencadear sérias dificuldades de adaptação, uma baixa auto-estima, uma falta de aceitação pessoal, resultando em problemas depressivos, anoréticos, obsessivo-compulsivos.
As novas relações sociais do adolescente, notadamente com os pais e com o grupo de iguais também podem ser e forte fonte de ansiedade, confusão e sentir que ninguém o entende. Paralelamente, sobrevém a angústia de estar só e de ser incapaz de decidir corretamente seu futuro.

Os conflitos tendem a agravar-se muitíssimo mais se este jovem estiver inserido numa família que também está em crise, seja por separação dos pais, por violência doméstica, alcoolismo de um dos pais, sérias dificuldades econômicas, doença física ou morte.

Os conflitos tendem a agravar-se muitíssimo mais se este jovem estiver inserido numa família que também está em crise, seja por separação dos pais, por violência doméstica, alcoolismo de um dos pais, sérias dificuldades econômicas, doença física ou morte.

Sintomas
O adolescente possui tendência natural para comunicar-se através da ação, em detrimento da palavra. Por isso, na busca de uma solução para seus conflitos, os jovens podem recorrer às drogas, ao álcool ou à sexualidade precoce ou promíscua. Tudo isso na tentativa de aliviar a angústia ou reencontrar a harmonia perdida. Angustiados e confusos, podem adotar comportamentos agressivos e destrutivos contra a sociedade. Por isso tem sido comum observarmos o adolescente manifestar sua depressão através de uma série de atos anti-sociais, distúrbios de conduta, e comportamentos hostis e agressivos.

Entre adolescentes a depressão também pode ser "mascarada" por problemas físicos e queixas somáticas que parecem não ter relação com as emoções. Estes problemas podem incluir alterações de apetite ou distúrbios de alimentação, tais como anorexia nervosa ou bulimia. Alguns adolescentes deprimidos podem se sentir extremamente cansados e sonolentos o tempo todo, e exaustos mesmo depois de terem dormido por várias horas.

Embora a Depressão Atípica seja a norma entre crianças e adolescentes, a depressão franca ou típica também pode ser comum. O jovem deprimido confia pouco em si mesmo, tem auto-estima baixa, experimenta alterações no apetite e no sono, se auto-acusa e tem lentidão dos pensamentos. A baixa auto-estima faz com que veja a si mesmo como sem valor, feio, desinteressante e cheio de falhas pessoais. Estes sentimentos angustiantes e depressivos levam, invariavelmente, a prejuízo na saúde, na escola, no relacionamento familiar e social.

Durante um Episódio Depressivo o jovem costuma sentir-se inquieto ou irritado, isolar-se de amigos ou familiares, ter dificuldade de se concentrar nas tarefas, perder o interesse ou o prazer em atividades que antes gostava de realizar, sentir-se desesperançado e ter sentimentos de culpa e perda do prazer em viver. Pode também ter alterações do sono, por exemplo, ir dormir mais tarde do que costumava fazer, acordar cedo demais, ter sonolência durante o dia; e do apetite, que o leva a ganhar ou perder peso.

Muitas vezes, o adolescente deprimido pode tentar suicídio. Faz isso de forma franca ou velada. De forma velada age de maneira inconsciente, envolvendo-se em atitudes completamente imprudentes, acidentes automobilísticos, uso progressivo de drogas e álcool, ingestão de comprimidos perigosos, uso de armas de fogo, etc.

O risco de suicídio

Actualmente, a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos de idade é o suicídio. A primeira causa são os acidentes, principalmente com automóveis. O índice de suicídio entre pessoas jovens triplicou nos últimos 30 anos.
Quando uma pessoa fala a respeito de cometer suicídio, ao contrário do que pensam muitos, a coisa mais importante a fazer é levá-la a sério. As pessoas que falam em suicídio podem estar, de fato, pensando em praticá-lo e, sendo jovens ou não, a maioria dos que tentam o suicídio sempre dão uma espécie de "aviso" sobre suas intenções.

Os principais sinais de advertência para o risco de transtorno do humor que, eventualmente, pode resultar em suicídio são:

1.Mudanças acentuadas na personalidade
2. Mudanças acentuadas na aparência,
3. Alterações nos padrões de sono
4. Alterações nos hábitos alimentares
5. Prejuízo no rendimento escolar.
6. Falar sobre morte ou suicídio
7. Provocar ferimentos em si próprio
8. Pânico ou ansiedade crônicos
9. Distribuir objectos pessoais

Entre adolescentes com alto risco de suicídio, muitos tomam a trágica decisão após uma situação de grande tensão, como por exemplo o rompimento de um relacionamento, um fracasso escolar ou profissional ou uma briga importante com os pais. A incidência de êxito entre adolescentes que realmente tentam por fim à própria vida é maior entre o sexo masculino do que entre o sexo feminino.

A grosso modo podemos dividir os adolescentes vulneráveis ao suicídio em três grupos:

1. Adolescentes com sintomas clássicos de depressão, tais como tristeza e desesperança.
2. Perfeccionistas que estabelecem para si mesmos padrões muito alto de desempenho.
3. Garotos que expressam sua depressão com comportamentos agressivos ou atitudes de se expor a situações de risco, uso de drogas e confrontos com autoridades.

A depressão neste grupo pode ser particularmente difícil de detectar, uma vez que estes jovens tendem a negar quaisquer sentimentos de depressão. Esta é uma situação particularmente perigosa porque este é o tipo de adolescente que mais provavelmente será bem sucedido em sua tentativa de cometer suicídio.

Entre adolescentes com alto risco de suicídio, muitos tomam a trágica decisão após uma situação de grande tensão, como por exemplo o rompimento de um relacionamento, um fracasso escolar ou profissional ou uma briga importante com os pais. A incidência de êxito entre adolescentes que realmente tentam por fim à própria vida é maior entre o sexo masculino do que entre o sexo feminino.

Quem é mais vulnerável à depressão?
Algumas pessoas são mais suscetíveis à Depressão que outras, tal como ocorre com qualquer outra doença. Além disso, a depressão resulta de uma combinação de múltiplos fatores e não de apenas uma causa.

De modo geral, as tensões da vida cotidiana, agravadas pelo panorama existencial próprio da adolescência, são importantes fatores que contribuem para o aparecimento da depressão nos jovens. O medo do fracasso, a discriminação da faixa etária e a pressão para realizar inúmeras tarefas podem contribuir para o aparecimento da depressão.

Os fatores genéticos têm importante papel no desenvolvimento de Depressão. A ocorrência de Depressão é muito mais freqüente nas pessoas que têm familiares também com transtornos depressivos. Além disso, atualmente as pesquisas concentram-se principalmente na área bioquímica da Depressão.

Acredita-se fortemente que a Depressão possa ser causada por um desequilíbrio de substâncias químicas cerebrais denominadas neurotransmissores, notadamente três deles; a noradrenalina, dopamina e, principalmente, a serotonina. Além disso, os neuroreceptores também desempenham importante papel no estado depressivo.

Tratamento
Muitos jovens deprimidos podem se beneficiar de um programa de tratamento adequado. O primeiro passo, evidentemente, é procurar a experiência de um profissional capacitado para diagnóstico, aconselhamento, tratamento e ajuda. Juntamente com o adolescente, os familiares e o médico podem chegar a uma decisão sobre o tipo mais adequado tratamento para o paciente. Para alguns adolescentes, o aconselhamento pode ser a única terapia necessária. Muitas vezes o tratamento medicamentoso é indispensável mas, mesmo com ele, o aconselhamento que envolve o adolescente e sua família é bastante benéfico.

Existem vários antidepressivos eficazes que podem ser utilizados no tratamento da depressão na adolescência, especialmente nos casos mais graves. As principais classes destes medicamentos são os Antidepressivos Tricíclicos, Inibidores da Monoaminoxidase (IMAOs), os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) e os Antidepressivos Atípicos.


Ballone GJ - Depressão na Adolescência - in. PsiqWeb Psiquiatria Geral, Internet, 2001 - disponível em < http://sites.uol.com.br/gballone/infantil/adoelesc2.html> revisto em 2003

Adolescência e gravidez

O comportamento sexual do adolescente é classificado de acordo com o grau de seriedade. Vai desde o "ficar" até o namorar. "Ficar" é um tipo de relacionamento íntimo sem compromisso de fidelidade entre os parceiros. Num ambiente social (festa, barzinho, boate) dois jovens sentem-se atraídos, dançam conversam e resolvem ficar juntos aquela noite. Nessa relação podem acontecer beijos, abraços, colar de corpos e até uma relação sexual completa, desde que ambos queiram. Esse relacionamento é inteiramente descompromissado, sendo possível que esses jovens se encontrem novamente e não aconteça mais nada entre eles de novo (veja Hábito de Ficar Com....).
Em bom número de vezes o casal começa "ficando" e evoluem para o namoro. No namoro a fidelidade é considerada muito importante. O namoro estabelece uma relação verdadeira com um parceiro sexual. Na puberdade, o interesse sexual coincide com a vontade de namorar e, segundo pesquisas, esse despertar sexual tem surgido cada vez mais cedo entre os adolescentes (veja Adolescência e Puberdade). O adolescente, impulsionado pela força de seus instintos, juntamente com a necessidade de provar a si mesmo sua virilidade e sua independente determinação em conquistar outra pessoa do sexo oposto, contraria com facilidade as normas tradicionais da sociedade e os aconselhamentos familiares e começa, avidamente, o exercício de sua sexualidade.
Há uma corrente bizarra de pensamento que pretende associar progresso, modernidade, permissividade e liberalidade, tudo isso em meio à um caldo daquilo que seria desejável e melhor para o ser humano. Quem porventura ousar se contrapor à esse esquema, corre o risco de ser rotulado de retrógrado. As pessoas de bom senso silenciam diante da ameaça de serem tidas por preconceituosas, interessando à cultua modernóide desenvolver um cegueira cultural contra um preconceito ainda maior e que não se percebe; aquele que aponta contra pessoas cautelosas e sensatas, os chamados "conservadores", uma espécie acanhada de atravancador do progresso.
As atitudes das pessoas são, inegavelmente, estimuladas e condicionadas tanto pela família quanto pela sociedade. E a sociedade tem passado por profundas mudanças em sua estrutura, inclusive aceitando "goela abaixo" a sexualidade na adolescência e, conseqüentemente, também a gravidez na adolescência. Portanto, à medida em que os tabus, inibições, tradições e comportamentos conservadores estão diminuindo, a atividade sexual e a gravidez na infância e juventude vai aumentando.
Adolescência e Gravidez
A adolescência implica num período de mudanças físicas e emocionais considerado, por alguns, um momento de conflitivo ou de crise. Não podemos descrever a adolescência como simples adaptação às transformações corporais, mas como um importante período no ciclo existencial da pessoa, uma tomada de posição social, familiar, sexual e entre o grupo.
A puberdade, que marca o início da vida reprodutiva da mulher, é caracterizada pelas mudanças fisiológicas corporais e psicológicas da adolescência. Uma gravidez na adolescência provocaria mudanças maiores ainda na transformação que já vinha ocorrendo de forma natural. Neste caso, muitas vezes a adolescente precisaria de um importante apoio do mundo adulto para saber lidar com esta nova situação.
Porque a adolescente fica grávida é uma questão muito incômoda aos pesquisadores. São boas as palavras de Vitalle & Amâncio (idem), segundo as quais a utilização de métodos anticoncepcionais não ocorre de modo eficaz na adolescência, inclusive devido a fatores psicológicos inerentes ao período da adolescência. A adolescente nega a possibilidade de engravidar e essa negação é tanto maior quanto menor a faixa etária.
A atividade sexual da adolescente é, geralmente, eventual, justificando para muitas a falta de uso rotineiro de anticoncepcionais. A grande maioria delas também não assume diante da família a sua sexualidade, nem a posse do anticoncepcional, que denuncia uma vida sexual ativa. Assim sendo, além da falta ou má utilização de meios anticoncepcionais, a gravidez e o risco de engravidar na adolescente podem estar associados a uma menor auto-estima, à um funcionamento familiar inadequado, à grande permissividade falsamente apregoada como desejável à uma família moderna ou à baixa qualidade de seu tempo livre. De qualquer forma, o que parece ser quase consensual entre os pesquisadores, é que as facilidades de acesso à informação sexual não tem garantido maior proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e nem contra a gravidez nas adolescentes.
Uma vez constatada a gravidez, se a família da adolescente for capaz de acolher o novo fato com harmonia, respeito e colaboração, esta gravidez tem maior probabilidade de ser levada a termo normalmente e sem grandes transtornos. Porém, havendo rejeição, conflitos traumáticos de relacionamento, punições atrozes e incompreensão, a adolescente poderá sentir-se profundamente só nesta experiência difícil e desconhecida, poderá correr o risco de procurar abortar, sair de casa, submeter-se a toda sorte de atitudes que, acredita, “resolverão” seu problema.O bem-estar afetivo da adolescente grávida é muito importante para si própria, para o desenvolvimento da gravidez e para a vida do bebê. A adolescente grávida, principalmente a solteira e não planejada, precisa encarar sua gravidez a partir do valor da vida que nela habita, precisa sentir segurança e apoio necessários para seu conforto afetivo, precisa dispor bastante de um diálogo esclarecedor e, finalmente, da presença constante de amor e solidariedade que a ajude nos altos e baixos emocionais, comuns na gravidez, até o nascimento de seu bebê.
Mesmo diante de casamentos ocorridos na adolescência de forma planejada e com gravidez também planejada, por mais preparado que esteja o casal, a adolescente não deixará de enfrentar a somatória das mudanças físicas e psíquicas decorrentes da gravidez e da adolescência.
A gravidez na adolescência é, portanto, um problema que deve ser levado muito a sério e não deve ser subestimado, assim como deve ser levado a sério o próprio processo do parto. Este pode ser dificultado por problemas anatômicos e comuns da adolescente, tais como o tamanho e conformidade da pelve, a elasticidade dos músculos uterinos, os temores, desinformação e fantasias da mãe ex-criança, além dos importantíssimos elementos psicológicos e afetivos possivelmente presentes.
Para se ter idéia das intercorrências emocionais na gravidez de adolescentes, em trabalho apresentado no III Fórum de Psiquiatria do Interior Paulista, em 2000, Gislaine Freitas e Neury Botega mostraram que, do total de adolescentes grávidas estudadas na Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba, foram encontrados: casos de Ansiedade em 21% delas, assim como 23% de Depressão. Ansiedade junto com Depressão esteve presente em 10%.
Importantíssima foi a incidência observada para a ocorrência de ideação suicida, presente 16% dos casos, mas, não encontraram diferenças nas prevalências de depressão, ansiedade e ideação suicida entre os diversos trimestres da gravidez. Tentativa de suicídio ocorreu em 13% e a severidade da ideação suicida associação significativa com a severidade depressão.
Procurando conhecer algumas outras características da população de adolescentes grávidas como estado civil, escolaridade, ocupação, menarca, atividades sexuais, tipo de parto, número de gestações e realização de pré-natal, Maria Joana Siqueira refere alguns números interessantes.
Números interessantes da Gravidez na Adolescência
Porcentagem de grávidas entre 16 e 17 anos
84%
Primigestas (primeira gestação)
75%
Freqüentaram o pré-natal
95%
Tiveram parto normal
68%
Menarca (1a. menstruação) entre os 11 e 12 anos
52%
Não utilizavam nenhum método contraceptivo
56%
Usavam camisinha às vezes
28%
Utilizavam a pílula
16%

A primeira relação sexual ocorreu*:
até os 13 anos
10%
entre 14 e 16 anos
27%
entre 17 e 18 anos
18%
entre 19 e 25 anos
17%
depois dos 25 anos
2%
*- Referência
Ideação Suicida em Adolescentes Grávidas
Gisleine Vaz Scavacini de Freitas e Neury José Botega (Unicamp) têm um estudo sobre ideação de suicídio em adolescentes grávidas. Estudaram 120 adolescentes grávidas (40 de cada trimestre gestacional), com idades variando entre 14 e 18 anos, atendidas em serviço de pré-natal da Secretaria Municipal de Saúde de Piracicaba.
Do total dos sujeitos, foram encontrados: casos de ansiedade em 25 (21 %); casos de depressão em 28 (23%). Desses, 12 (10%) tinham ansiedade e depressão. Ideação suicida ocorreu em 19 (16%) das pacientes. Não foram encontradas diferenças nas prevalências de depressão, ansiedade e ideação suicida nos diversos trimestres da gravidez.
As tentativas de suicídio anteriores ocorram em 13% das adolescentes grávidas. A severidade dessas tentativas de suicídio teve associação significativa com o grau da depressão, bem como com o estado civil da pacientes (solteira sem namorado).

Veja a tese de Gláucia da Motta BuenoVeja a Parte 2 de Gravidez na Adolescência

Ballone GJ - Gravidez na Adolescência - in. PsiqWeb, Internet, disponível em <http://sites.uol.com.br/gballone/infantil/adoelesc3.html> revisto em 2003
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA - 1
A gravidez precoce é uma das ocorrências mais preocupantes relacionadas à sexualidade da adolescência, com sérias conseqüências para a vida dos adolescentes envolvidos, de seus filhos que nascerão e de suas famílias.
A incidência de gravidez na adolescência está crescendo e, nos EUA, onde existem boas estatísticas, vê-se que de 1975 a 1989 a porcentagem dos nascimentos de adolescentes grávidas e solteiras aumentou 74,4%. Em 1990, os partos de mães adolescentes representaram 12,5% de todos os nascimentos no país. Lidando com esses números, estima-se que aos 20 anos, 40% das mulheres brancas e 64% de mulheres negras terão experimentado ao menos 1 gravidez nos EUA .
No Brasil a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de adolescentes, número que representa três vezes mais garotas com menos de 15 anos grávidas que na década de 70, engravidam hoje em dia. A grande maioria dessas adolescentes não tem condições financeiras nem emocionais para assumir a maternidade e, por causa da repressão familiar, muitas delas fogem de casa e quase todas abandonam os estudos.
A Pesquisa Nacional em Demografia e Saúde, de 1996, mostrou um dado alarmante; 14% das adolescentes já tinhas pelo menos um filho e as jovens mais pobres apresentavam fecundidade dez vezes maior. Entre as garotas grávidas atendidas pelo SUS no período de 1993 a 1998, houve aumento de 31% dos casos de meninas grávidas entre 10 e 14 anos. Nesses cinco anos, 50 mil adolescentes foram parar nos hospitais públicos devido a complicações de abortos clandestinos. Quase três mil na faixa dos 10 a 14 anos.
Segundo Maria Sylvia de Souza Vitalle e Olga Maria Silvério Amâncio, da UNIFESP, quando a actividade sexual tem como resultante a gravidez, gera conseqüências tardias e a longo prazo, tanto para a adolescente quanto para o recém-nascido. A adolescente poderá apresentar problemas de crescimento e desenvolvimento, emocionais e comportamentais, educacionais e de aprendizado, além de complicações da gravidez e problemas de parto. É por isso que alguns autores considerem a gravidez na adolescência como sendo uma das complicações da atividade sexual.
Ainda segundo essas autoras, o contexto familiar tem uma relação direta com a época em que se inicia a atividade sexual. As adolescentes que iniciam vida sexual precocemente ou engravidam nesse período, geralmente vêm de famílias cujas mães se assemelharam à essa biografia, ou seja, também iniciaram vida sexual precoce ou engravidaram durante a adolescência.
Tudo sobre gravidez na adolescência no Portal da Juventude

Vê em http://www.juventude.gov.pt/Portal/OutrosTemas/SaudeSexualidadeJuvenil/

Gravidez na adolescência

Excertos do Seminário "Luas e Marés", sobre gravidez e maternidade na adolescência que decorreu na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa
Intervenientes: Fátima Palma, médica da consulta de adolescentes; Evert Ketting, sociólogo

Desde tempos imemoriais que a sociedade considera a gravidez como um problema no feminino, um problema da mulher. A portadora da capacidade de gestação de uma nova vida é também a portadora da aprovação ou reprovação social de que a sua circunstância particular e individual se revista.
A própria terminologia escolhida para referir o facto é indiciadora da aprovação ou reprovação que vai junto. Se “vai ter um menino”, é alvo de cumprimentos e regozijo – tudo se passa bem – a sociedade reconhece ( e agradece). Se “está grávida”, faz provavelmente parte de uma estatística, de um programa, de um estudo, está de visita ao médico, ou é alvo da cobiça do mercado de oferta ao consumo.
Se “está de barriga”, está claramente em maus lençóis. Quer esteja a ser objecto de chiste, de censura, de admoestação ou de pura coscuvilhice e de diz-que-diz, está fora do estado de graça da (re)produção com aval burguês.
Nestes tempos de “sociedade de informação” em que, supostamente, os nossos jovens adultos estão preparados com uma educação sexual que, na verdade, não se sabe bem de onde venha, para além das deduções e inferências retiradas das máquinas publicitárias e dos mass media, com especial relevo para telenovelas, canais e programas mais ou menos eróticos, publicitação mais ou menos explícita de linhas eróticas e ausência ou demissão frequentes de referentes próximos e valores familiares aberta e claramente dialogados.
Responsabilizar os adolescentes por um estilo de vida demasiado “solto”

Responsabilizar Os Homens Terça-feira, 21 de Novembro de 2000
A sociedade tem assumido que a gravidez é um problema feminino, o que leva a que os homens sejam muitas vezes encarados como os "maus da fita".
A educação sexual e a informação contraceptiva são direccionadas sobretudo para as raparigas, ficando os rapazes à margem dos problemas que envolvem gravidez e sexualidade.
Foi esta uma das questões levantadas ontem por Fátima Palma, da Consulta de Adolescentes da Maternidade Alfredo da Costa, no seminário sobre gravidez e maternidade na adolescência "Luas e Marés", que decorreu em Lisboa.
A especialista defendeu que uma das soluções poderá ser a criação de instituições e serviços de saúde próprios para homens e orientados por homens. Estruturas centradas no papel masculino são, segundo Fátima Palma, fundamentais para criar uma atitude positiva e responsável no comportamento sexual dos rapazes.
Também o sociólogo holandês Evert Ketting considera que para combater a "irresponsabilidade do comportamento sexual" nos rapazes "é necessário compreender a sexualidade masculina na época moderna".
Ketting afirma que "os rapazes são postos à parte no que respeita à informação, educação, orientação e serviços de aconselhamento no campo da sexualidade". As Clínicas de Planeamento Familiar muito contribuem para a desresponsabilização dos jovens homens, pois tornaram-se instituições eminentemente femininas.
A pílula reforça igualmente esta ideia, porque proporciona às mulheres a possibilidade de se protegerem, independentemente do seu parceiro, referiu.
Os rapazes acabam por confiar muito no comportamento preventivo das suas parceiras sexuais. Segundo um projecto de investigação holandês, na primeira relação sexual apenas 53 por cento dos rapazes utilizaram preservativo e, nestes casos, 40 por cento das jovens estavam a tomar a pílula.
Um problema que é preciso combater através da obrigatoriedade de educação sexual nas escolas, a formação de professores em sexualidade masculina, o desenvolvimento de informação especialmente destinada aos rapazes e a criação de centros de informação específicos para o sexo masculino, concluiu o sociólogo.


Cinsequências da maternidade

Consequências da maternidade na adolescência! Fica a saber mais em http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v18n4/v18n4a05.pdf


A gravidez e maternidade na adolescência

27/02/2006
Ao longo de alguns anos de experiência profissional na área de Saúde Materna e Obstetrícia, particularmente no bloco de partos, confrontei-me inúmeras vezes com grávidas e puérperas adolescentes e com toda a ambivalência de sentimentos e situação de crise que as envolve, assim como com toda a sua família.

As situações que vivenciei fizeram-me reflectir e questionar este tema tão complexo e abrangente e que me preocupa enquanto profissional de saúde e enquanto mãe.Em Portugal, a gravidez na adolescência, e embora se tenha observado uma franca diminuição nos últimos anos, é ainda uma realidade preocupante, que revela que há um longo caminho a percorrer que deve envolver o esforço de equipas multidisciplinares e a articulação entre as mais variadas instituições com um objectivo comum: o de prevenir e educar. A este respeito refere Graça (2000:168) “Através de cuidados pré-natais tempestivos e adequados, é possível reduzir os desfechos materno-fetais, associados à gravidez antes dos 18 anos e torná-los globalmente sobreponíveis aos da população em geral”.A adolescência é, sem dúvida, um período de grande vulnerabilidade física e emocional. O adolescente tenta afirmar-se e adquirir autonomia elaborando, para isso, o seu próprio sistema de valores, no sentido de se ajustar à comunidade onde se encontra inserido. Surgem, por isso, situações de desequilíbrio à procura de um equilíbrio, considerando-se a adolescência um período de crise. Tendo em conta que na mulher existem três grandes períodos de crise - a adolescência, a gravidez e o climatério - com a gravidez a adolescente atravessa uma dupla crise, como refere Correia (2000:13) “...uma gravidez na adolescência é considerar um duplo esforço de adaptação interna e uma dupla movimentação de duas realidades que convergem num único momento: estar grávida e ser adolescente”. A gravidez na adolescência é, portanto, considerada de alto risco, tendo em conta a idade, a imaturidade psicológica, e as alterações físicas que a gravidez origina num corpo ainda ele em desenvolvimento, com algum nível de imaturidade orgânica para a gravidez e para o parto, para além de todos os riscos obstétricos inerentes. Na nossa sociedade o problema é grave e deve envolver, como já referi, uma equipa multidisciplinar, como sendo o médico, o enfermeiro, o psicólogo, o nutricionista e o professor.Sendo a educação para a saúde um processo educativo que deve começar pela identificação das necessidades do indivíduo, inserido no contexto familiar de um determinado meio envolvente, falar de educação para a saúde na mulher/adolescente/grávida é considerá-la claramente neste domínio.É através das consultas pré-natais que a adolescente, com necessidades especiais, nomeadamente a nível da comunicação (de expor os seus problemas e de sentir confiança), poderá sentir todo esse apoio e orientação. A importância dos cuidados pré-natais é notória pela sua repercussão na qualidade de vida e futuro do indivíduo na sociedade.Deste modo, quando se “cuida” de uma adolescente grávida e/ou mãe, este cuidar não se limita ao fisiológico para o restabelecimento físico, mas também a todos os aspectos que caracterizam uma realidade de vida presente e a sua projecção para o futuro, baseada num passado muito próprio e único de cada adolescente. Na minha opinião, é fundamental que os enfermeiros e, especialmente, o enfermeiro Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia, para além de desenvolver competências técnicas, desenvolva competências relacionais porque, se ambas não estão presentes no mesmo momento, não é possível humanizar os cuidados. A gravidez e maternidade na adolescência são processos complexos, que dependem da capacidade de decisão/apoio da adolescente na sua situação específica, tendo em conta os factores familiares, sociais, económicos e culturais. É necessário desenvolver e envolver programas sócio-políticos que estimulem os profissionais no sentido de um maior empenho em pesquisas e programas de intervenção dirigidos à adolescente e família.

Enfª Anna Paula LopesUrgência Obstétrica e Ginecológica